EDUCAÇÃO POPULAR E ESTUDOS FEMINISTAS
problematizando a produção de tecelãs
Palavras-chave:
Educação popular, Feminismo, Gênero, Artesanato.Resumo
Este texto traz algumas reflexões tendo como base nossa pesquisa de doutorado, que está em andamento. Nosso olhar é sobre Educação Popular, feminismo, artesanato e a invisibilidade da produção das mulheres. Buscamos compreender como ocorre o processo pedagógico invisível da tecelagem manual na cidade de Resende Costa, em Minas Gerais. O artesanato é uma atividade desenvolvida pelas pessoas mais pobres do mundo. Entre essas pessoas, encontramos as mulheres, que são a maioria no artesanato, sobretudo quando esse artesanato está ligado ao fio, renda, bordado, costura, crochê, tricô e tecelagem. Nesses fios, encontramos uma produção predo‑minantemente feminina, que é rica em técnica, conhecimento e arte. Para Richard Sennett (2009), a habilidade artesanal requer um alto grau de aprendizagem. Com base nessa afirmação, compreendemos que na produção artesanal existe pedago‑gia. O feminismo aponta que a tecelagem é realizada, sobretudo, pelas mulheres e, por esse motivo, perde muito de seu valor social e reconhecimento. A Educação Popular aponta que as pedagogias desenvolvidas às margens das instituições formais de ensino são socialmente menos reconhecidas e, segundo Danilo Streck (2010), é tarefa da Educação Popular o trabalho de desvelamento dessas pedagogias. Neste texto, propomo ‑nos a travar um diálogo entre o feminismo e a Educação Popular, pois entendemos que tal diálogo abre caminho para o (re)conhecimento de uma produção que tem conhecimento, mas que está socialmente invisível.Referências
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