50 ANOS DEPOIS – COMO REVERTER O GOLPE NA EDUCAÇÃO POPULAR
Mots-clés :
Paulo freire, Golpe militar, Educação popular, Democracia, História da educação.Résumé
Pensar hoje o papel do Golpe de 1964 na educação brasileira não deve restringir ‑se a recordar fatos do passado como se ele estivesse inteiramente superado. Trata ‑se de analisá ‑lo e mostrar o que ainda persiste e como pode ser revertido. Moacir Gadotti demonstra que o golpe na educação foi, sobretudo, um golpe na Educação Popular e que, apesar de todos os avanços posteriores, esse golpe ainda não foi revertido. Ele começa pelos antecedentes ao mostrar que o período no qual o país vivia antes do golpe era marcado por um grande entusiasmo pela educação e pelo desenvolvimen‑to com justiça social. A Educação Popular era parte fundamental desse processo. O golpe civil ‑militar interrompeu o processo de reforma social, reprimiu movimentos sociais e sindicais e extinguindo políticas educacionais populares como o Programa Nacional de Alfabetização de Paulo Freire. A política educacional da ditadura era baseada na Teoria do Capital Humano e na Ideologia da Segurança Nacional, mas a sua principal marca foi a repressão. Eliminou a representação estudantil, desativou cursos científicos, desmantelou movimentos populares e reduziu a capacidade dos educadores de influir nos rumos da educação nacional. Várias marcas dessa política ainda persistem, especialmente o tecnicismo e o instrucionismo, que negam o caráter político da educação. O autor sustenta que, 50 anos depois, esse processo precisa ser retomado e revertido num novo contexto de radicalização da democracia.Références
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