A NECESSIDADE DE ESPERANÇA MILITANTE
COMPARAÇÃO ENTRE BLOCH E FREIRE
Palavras-chave:
Esperança Militante, Utopia ConcretaResumo
Este artigo nasce do reconhecimento de numerosas afinidades entre o pensamento dos dois autores que parecem tão distantes geograficamente e culturalmente como próximos e cúmplices em seus pensamentos. Ernst Bloch (filósofo, Ludwigshafen, 1885 - Tübingen, 1977) com a sua própria perspectiva filosófica estabelece as bases de uma nova prática educativa que parece ser fielmente experimentada, mais além, noutros lugares, por Paulo Freire (pedagogo, Recife, 1921 - São Paulo, 1997). Paulo Freire é o promotor e educador do seu próprio projeto ético-político. Com a sua Campanha Nacional de Alfabetização permite aos trabalhadores rurais a possibilidade de se alfabetizarem pouco a pouco e, assim, de ganharem uma consciência política: os trabalhadores finalmente se tornam sujeitos ativos da história. Bloch, enquanto pensador da práxis inscreve o pensamento da prática transformadora no próprio mundo, o qual é um verdadeiro laboratório de experiências emancipatórias: Freire com o seu trabalho educativo fielmente implementa tal pensamento. Por essa razão, Bloch é o pensador da ação, enquanto Freire é o homem da ação. As palavras-chave que giram em torno de seu pensamento são duas: esperança militante e utopia concreta. Para os dois pensadores a esperança militante não é um otimismo abstrato e ingênuo, mas está profundamente enraizada na natureza humana, pois Freire a considera uma verdadeira “necessidade ontológica”. O conceito de utopia real é o nervo pulsante, visto que a esperança militante e a busca de formas emancipatórias do homem são realmente possíveis apenas se a utopia é concreta, ou seja, se é concretamente realizável no mundo e mediante o mundo, o eu-topos, literalmente o lugar feliz da realização do conteúdo de esperança. Este artigo é para mim, não um ponto de chegada, mas um ponto de partida para a investigação: ele detecta uma curvatura pedagógica freiriana no pensamento de Bloch, que pode levar a um maior conhecimento da obra de Freire no âmbito acadêmico ocidental e também reconhecer a eficácia do método Freire, que pode levar a experimentar a sua aplicabilidade em vários países subdesenvolvidos.
Referências
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